quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Continua..



A princípio qualquer palavra, jeito ou tratamento ilude;
depois, é esperança em amplitude..
dúvidas constantemente
e deixo de ser dona de minha mente..
e não raciocino mais como antes,
não quero mais o que eu queria antes,
não vivo mais como eu vivia antes..
e tudo que me diz fica armazenado
tentando ser desvendado.
E não consigo entender vários por quê's,
principalmente o do mal que você me fez..
não faça assim,
seja claro pra mim..
ou me cuida, me ama e me desperta;
ou me chuta, me odeia e me disseca

sem esse vai e vem de questões e (sub)intenções,
e respostas subentendidas..
todas elas me deixam perdida
no hall do sentimento
que aliás, é um tormento.
E no final?
ainda não tem final;
continua na vida real...


Taynara Andrade

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Isso é tudo



Eu sabia, você sabia, nós sabíamos,
mas por algum motivo não evitamos
e aqui estamos.
Agora é isso..
essa coisa estranha em você, em mim
e nós sabíamos que seria assim,
mas nós deixamos, e nos deixamos
por quê?
vai saber..
Talvez a gente quisesse
que um, perto do outro, estivesse
pra... sem muitos rodeios, ou galanteios
cativasse qualquer conversa
mesmo, estando eu, meio dispersa.
Vai ver a vida que fez isso
só pra confundir e se divertir,
nos mostrando que o mundo é um grande DEVIR..
ou talvez fosse um erro calculado
acertando só o meu lado..
Dane-se, eu não sei o que fazer..
posso sumir por um tempo,
mas não de mim.. aqui dentro.
Só não me julgue mal,
porque não seria recíproco afinal.
Adultos.. só por fora
por dentro, crianças a toda hora;
e não diga sem pensar,
jogando tudo fora;
o tudo que pode ser pouco, quase nada,
mas é tudo...

[DEVIR: Filosofia. Movimento pelo qual as coisas se transformam]


Taynara Andrade

Recolocando os papéis


Nada criativo, apenas explicativo.

Essa é a verdadeira história da Cinderela..
Ela não era aquela santa que todo mundo conta, era uma garota extremamente problemática, vivia nos bailes e era do tipo de garota que "esticava"..
Sua mãe vivia tentando colocar juízo em sua cabeça, mas tinha sérios problemas no coração e não suportou saber que Cinderela já tinha engravidado e abortado duas vezes, na segunda vez o rapaz até que queria assumir a criança, mas ela não quis e disse que não se casaria com um fracassado feito ele e muito menos seria mãe daquela "criatura".
Essa foi a razão pela qual a mãe de Cinderela faleceu.
E ela, pouco ligando pra isso, continuou com sua vida de "adrenalina".
Seu pai logo se casou novamente com uma outra senhora viúva que tinha duas filhas, ele era bem velho e doente, e a cada madrugada que Cinderela demorava a chegar, sua saúde piorava, até que um dia, como já era de se esperar, morreu.
As histórias dizem que a madrasta era má, mas quem conheceu Cinderela de perto, como eu, sabe que não era bem assim.
Ela não gostava da madrasta, que aliás era uma mulher muito boa e paciente, porque ela e as filhas tentavam fazer o que a mãe não conseguiu, aconselhar, e instruir a garota, e Cinderela achava aquilo um grande "porre".
No dia do famoso baile, que seria uma festa beneficente com pessoas de muita influência na sociedade da época.. Esse definitivamente não era o estilo de festa que Cinderela costumava frequentar, mas ela quis ir mesmo assim.. talvez pra importunar.. ou ... sei lá, ela queria ir acompanhando a madrasta e as duas filhas. Até aí tudo bem, elas adoraram saber que a menina finalmente iria a um lugar de mais classe e seguro. Mas antes de ir à festa, que começaria mais tarde, Cinderela resolveu ir a um barzinho com os amigos.. e se esbaldou no vinho, chegando em casa .. bêbada (e aliás toda aquela alucinação de fada madrinha, abóbora, ratinhos.. foi em função do vinho), e ainda sim queria ir à tal festa, a madrasta e as filhas deram banho, café e depois tentaram por tudo convencê-la de ficar em casa e que no próximo baile ela iria, mas foi em vão.. ela iria e pronto.. Então elas não puderam fazer mais nada e acabaram a levando.
Uma das filhas da madrasta era noiva de um rapaz muito rico e bonito.. Cinderela, que já tinha melhorado um pouco, ficava trocando olhares com ele e roçando em sua perna por baixo da mesa sem que ninguém percebesse, só ele, claro.

Ele que apesar de ser rico e bonito, era também um mulherengo, adorou Cinderela: "tão desinibida,.. bem diferente da minha noiva". Em certo momento, Cinderela disse que ia tomar um ar fresco e foi até o jardim, logo o rapaz, desfarçadamente foi atrás, e lá... consumaram toda falta de caráter que os dois tinham e de sobra.
Algumas semanas depois, Cinderela descobriu estar grávida.. novamente, mas dessa vez como o rapaz era rico ela decidiu ter a criança, e contou a todos.. houve uma grande confusão até que tudo se ajeitasse. Ela conseguiu se casar com o rapaz, que até tinha gostado dela.

Cinderela às vezes até mandava entregar bilhetinhos  para a filha da madrasta dizendo que ele era um ótimo marido, pai e .."ótimo em TUDO"...

Enquanto na verdade ele se mostrou um marido extremamente agressivo e alcoólatra...
Ela teve o que merecia..

E a história do sapatinho? Balela.. só historinha pra criança.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

E na ilusão de alguém...



Vem cá, deita aqui do meu lado;
tá escuro e um pouco gelado..
Tem aqui outro travesseiro,
que tá inclusive com seu cheiro..
Vem, chega mais perto;
senão, não fica coberto..
Viu como eu tô arrepiada?
não sei, mas ando meio cismada..
Segura um pouco a minha mão,
é que eu tô com um vazio no coração..
Sabe... tô escrevendo algo sobre você...
ei..

ei...

cadê você?...


Taynara Andrade

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

As palavras



Elas se camuflam, me torturam, me orgulham..
Será que mexem contigo, tanto quanto comigo?..
Elas se insinuam pra mim,
até quando não estou muito afim
me saem até pelo espirro,
eu chego que me embirro.
Elas... às vezes meio sinérgicas,
outras meio patéticas, e até as que não tem muita ética.
Elas... fortuitamente escritas,
porque de alguma forma, não são ditas
e sempre analógicas a fatos de vidas;
entre falar coisas que doem e sofrer..
melhor arranjar palavras e escrever..
Até já desisti de me esquivar,
resolvi mesmo me entregar..
Só que quando me entrego
e não mais as nego,
elas me consomem e
depois..
simplesmente, somem...


Taynara Andrade

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Decepção



..e me fez sentir culpada,
vida (des)graçada
e se fez tão doce e inocente,
mas na verdade age tão perversamente..
Melhor seria se eu ignorasse...
como se, você, não me importasse.
E era tudo mentira.. aquela aceitação,
tudo espera pra um golpe de supetão..
Agora não..
não deixo..
por isso me queixo...
mas não sei se te deixo..
acho que devo..
Eu bem que quis, e te quis,
e o que você me diz?...
e nem dou o braço a torcer,
mas tomara que não vá me esquecer..
E não se aproxime, por favor
se não, chega a me dar calor..
e eu aqui falando sozinha,
com seu orgulho de pessoa mesquinha..
nem sei como aturo,
esse seu jeito inseguro.
Pior de tudo,
é que não sou capaz,
da maldade que você me faz...


Taynara Andrade

Aprender com o tempo



Com o tempo a gente aprende, que nem tudo está ao nosso alcance
e que podemos nunca mais ter outra chance.
A gente aprende que deveríamos ter feito diferente,
mesmo parecendo inconsequente.
Com o tempo a gente aprende a esquecer,
ou pelo menos não deixar transparecer.
Aprende a segurar as coisas com mais força e empenho,
mesmo que para isso suporte algum desdenho.
A gente aprende a ser mais e parecer menos,
aprende também que nada é, tudo está.
A gente aprende a exigir menos, até quando mais queremos,
e aprende a exigir mais, até quando não se é tão necessário.
Com o tempo a gente aprende, que o tempo nada mais é
do que uma desculpa para a nossa demorada aprendizagem,
e que aprender nada mais é,
do que uma mera consequência do tempo.


Taynara Andrade

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Desabafo



Todos nós que tanto julgamos
e com isso nos lambuzamos do início ao fim de nossas vidas.
Todos nós que com frieza calculamos a forma mais egocêntrica de agir..
Que temos faces fictícias que se desmontam hora de dormir..
Que toleramos até onde for
só pra não parecermos "bobos",
que seguimos só porque é moda,
que nunca enxergamos alguém e sim algo,
que estamos atolados de regras patéticas,
nós que tememos PANE em nós mesmos
e não "podemos" ser diferentes.
Todos nós que medíocremente, vivemos com tanta usura,
todos nós que sapientes de ignorância,
não mais, sabemos sentir fragrância.
Toda nossa insanidade e prepotência
fazendo jus a nossa pequena e insígnia existência.


Taynara Andrade

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Aquela menina



Quem olha aquela menina, nem imagina
a história que já traz consigo, carregada de perigo.
Uma vida com poucos anos e esses poucos anos com vida até de mais..
Aquela menina presenciou muitas coisas,
e ainda sorri para as pessoas
e consegue acreditar em coisas boas.
Claro, tem uma desconfiança latente
e o sangue bastante quente,
às vezes nem sabe como se sente,
mas ela se contém, e até que se sai bem..
E conhece a vida de algumas formas,
que seja com ou sem normas..
Sempre teve vontade de falar tantas coisas
e nunca disse quase nada..
Sempre se defendeu sozinha,
ainda bem que fôlego pra correr ela tinha..
Ainda é uma criança...
Com esse jeito e esse rosto, que às vezes até enternece,
mas é mais forte do que parece.
Ela atravessou a linha do trem sem olhar para os lados
e de ouvidos tampados, carregando todos os seus fardos...
E ainda é uma menina...
que tem o choro preso na garganta,
mas pega seu instrumento e canta,
pouco antes da hora da janta,
assim, as lembranças, ela espanta.


Taynara Andrade

domingo, 12 de dezembro de 2010

Do que eu preciso



Preciso sentir o frio, a dor de cabeça
e até que alguém me esqueça.
Preciso sentir o medo, a decepção
e também de ouvir alguns não's.
Preciso sentir saudade, alegria
inclusive suportar algo que eu não queria;
sentir a pressão, a instabilidade
e saber cedo de mais que ninguém diz só a verdade.
Preciso sentir preguiça, tocar meu instrumento musical...
e mesmo que pareça meio banal,
fingir acreditar que sou sensacional.
Preciso de abraço, de amasso,
talvez até de algum beijo devasso
já que o amor anda escasso.
Preciso sentir o sono, o calor,
e também de alguns minutos de fulgor..
Tudo isso porque, pra viver, preciso sentir que estou viva.


Taynara Andrade

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Primeira narrativa


...e como sempre, a mãe costurava..
só que dessa vez, mais cabisbaixa do que os outros dias...
A filha mais velha vai até o fogão e depois até a geladeira,
mas não viu o que procurava, então vai até a mãe e pergunta: "Mamãe, e a janta?",
a mãe, com muito custo, levanta a cabeça com os olhos naufragados em lágrimas e com a voz trêmula e pesada diz:"hoje não tem"...
Aquela voz e aqueles olhos doeram fundo na filha, que pensou ter que ser forte naquela hora
e segurando o choro, só pra não fazer a mãe se sentir pior ainda, disse:"tudo bem mamãe, eu não queria comer mesmo.."
olhou pra uma brecha da cortina que dava pro quarto, viu a irmã mais nova e pensou:"ainda bem que ela dorme e não precisa saber disso agora...".


Taynara Andrade

domingo, 5 de dezembro de 2010

Só pensei..


Eu pensei que eu era diferente,
que eu não ligasse pra toda essa gente..

eu pensei ser insensível,
mas vejo que não se é possível..

até pensei ser do lado sombrio,
e que também gostava de sentir frio..

pensei que eu não tinha coração,
e que não tinha nada em minhas mãos..

e pensei odiar cada coisa no mundo,
mas vejo que não consigo fazer alguém chorar nem por um segundo..

pensei que chorar não era pra mim,
e agora me vejo pelo espelho.. assim...


Taynara Andrade

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Hora de dormir


Apago a luz,
e o escuro me seduz;
me deito,
tomada de emoções no peito;
logo meus olhos já se acostumaram com o escuro
que não é mais tão puro
e já parece estar mais seguro.
Nele posso até escrever,
meio perdida com as linhas,
já que não posso ver..
Aproveitando essa inspiração
que vem dessa palpitação,
que não será a mesma quando o sol nascer
ou quando a luz eu ascender.
Escrevendo no escuro e devagar...
aos poucos o sono vem me embebedar..
Aí já não escrevo coisa de se entender..
e esse poema.. só amanhã eu vou ler.

Taynara Andrade

domingo, 21 de novembro de 2010

Tempo


Combinação de mudanças sucessivas
às vezes doces e quase sempre bem agressivas;
provedor de amadurecimento e paciência
mas também muito lento, traz amargura e prepotência

Prova de que nem tudo precisa fazer sentido
mesmo que assim seja preferido por algo já proferido;
causador de desânimo ao descobrirmos, que talvez nada somos
além de poeira cósmica em meio às coisas incontáveis
por isso não somos mais amáveis

Incompetente médico de algumas feridas,
infelizmente não se pode ter várias vidas;
ilusão de que tudo um dia vai melhorar
simplesmente porque a verdade é difícil de aceitar

Invenção fascinante de algo,
esse algo, o homem

garantia de que tudo vai
e nós também temos que ir.


Taynara Andrade

terça-feira, 16 de novembro de 2010

De repente


E de repente me vejo aqui, desse jeito;
me lembrando de todos os  seus trejeitos,
e tentando achar normal tudo a seu respeito.
 
E de repente me encontro aqui, desencontrada;
como se tivesse sido golpeada
sem reações e calada.
 
Do nada, veio uma angústia desesperadora;
nem sei o que fazer agora,
e fico pensativa por hora.
 
Do nada, vem o vento e me empurra;
me diz pra levantar depois da surra,
porque o tempo nem me vê, ele urra.
 
E então, me levanto;
só queria me reestabelecer um tanto,
agora vou procurar meu canto.



Taynara Andrade

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Um sonho



Aquele vácuo no coração
quem nunca sentiu essa sensação?
Onde se encontra aquele alguém
de quem me tornei refém?..
 
Foi um sonho, literalmente...
eu sei, mas ficou em minha mente
aquele vazio permanente,
daquela pessoa, somente
 
Aquele sentimento
que devia ser meu acalento;
agora não é mais, está no relento,
foi só um momento
 
Aquele alguém não existe
ainda sim, essa emoção persiste
solidão, nisso esse sonho consiste,
uma coisa sem limite
 
Senti um agito na alma
perdi completamente a minha calma
e nem tive como ser salva
 
E a vida segue tão vazia...
e meu coração se esfria,
com tamanha agonia
posterior àquela euforia
 
Agora, é viver da forma possível
trazendo no peito, aquele sonho inesquecível.



Taynara Andrade

sábado, 6 de novembro de 2010

Medo



Medo de não ser boa o suficiente ou não ser conveniente,
medo do não estar presente ou ser tão carente quanto prepotente;
medo de não ouvir o que for importante
mesmo que seja dito bem constante.

Medo da minha impaciência em não saber o que é sapiência,
medo de me enrolar simplesmente no meu caminhar, falar...

Medo do tamanho medo que posso sentir
quando não sabem me ouvir;
e também da dor,
que talvez eu nem consiga, aqui, transpor.

Medo incoerente da coerência;
de minhas verdades serem confundidas com inverdades.
Medo da falta de alteridade
em minha complicada idade.

Medo de ser mal interpretada, viver sendo alfinetada,
posteriormente morrer calada
e ser enterrada uniformizada,
simplesmente por engano...

Medo da não aceitação de uma peculiar opinião,
medo da insensibilidade causada pelo excesso da vaidade..
Medo, meu inseparável, eu...


Taynara Andrade

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ao meu violão



E quando vem a decepção,
ai que saudades do meu violão;
 
quando aquele vazio me aperta
só ele me dá a nota certa;
 
e quando o choro vem pra me embargar...
aaaai que vontade de cantar.
 
Naquelas noites frias com tácito clima...
só ele entenderia minha rima..
com ele meu humor não desafina.
 
Enquanto a chuva cai
minha tristeza se esvai,
 
apesar dessa vida fora do ritmo, fora do compasso;
vou construindo a minha passo a passo,
sem deixar traço, mas sem ele não seria fácil..




Taynara Andrade

domingo, 31 de outubro de 2010

A chuva







A chuva traz,
as coisas lá de trás.

A chuva traz a pesada nostalgia

banhada com uma certa agonia;

traz o medo e a calma 

embutidos em nossa alma.
A chuva traz aquele cheiro peculiar
de fazer a terra se banhar;
traz aquela calmaria
de me deixar em banho-maria;

traz a saudade insalubre

daquelas coisas, hoje, mais lúgubres
traz o que ninguém pode trazer...

a chuva traz pegadas vívidas de coisas já vividas;
traz coisas que não se pode trazer;
e ela leva também, leva pra tão longe, que nada mais pode trazer.


Taynara Andrade