sábado, 7 de maio de 2011

O outro lado do mesmo lado

Il Viale del Gardino - Claude Monet


...Ela caminhava sozinha, buscando algo..
sem saber, mas buscava, buscava algo que não conhecia
e não sabia como era e esse era o motivo pelo qual ela buscava,
talvez ela buscasse respostas, perguntas,
respostas incompletas ou perguntas sem respostas;
talvez ela buscasse retóricas, 
medos diferentes dos seus,
noites mais claras que as suas,
mas ela encontrou uma cerca..
uma longa cerca
e ela continuou caminhando
até encontrar um portal,
portal esse que estava trancado, mas era possível ver o outro lado,
que era um jardim, e que lindo jardim era...
ela jamais tinha visto um lugar tão bonito
e como ela queria ir para o outro lado.. como ela queria..
mas com o portal trancafiado daquele jeito ela só podia olhar;
ela se encostou no portal tão desanimada
e começou a chorar baixinho...
Nesse momento, alguém passava por ali, do mesmo lado que ela;
Ele a viu e quis ajudá-la,
ela olhou para o outro lado do portal com um olhar triste e disse:
"isso não é acessível à mim..."
e ele com um arrepio no coração lhe deu a mão e falou com todo carinho:
"mas agora eu estou com você.."
e quando ela olhou à sua volta, o lado do portal em que estavam
pareceu mais bonito que o outro,
então ela respirou aliviada sorrindo pra ele...


Taynara Andrade

domingo, 1 de maio de 2011

"Des(epístola)"

Não foi encontrado o nome do autor da imagem

Não dei muita importância, mas estava achando o máximo você ali do meu lado pela 1ª vez
e até fingi que esqueci todo aquele mal que você "não me fez".
Não falei nada que fosse tão marcante,
mas queria ter dito tudo ali, naquele instante;
nem te olhei direito,
mas sabia cada movimento feito.
Te dei aquele abraço meio frouxo,
mas queria ter te apertado tanto.. que nem sei;
e aquele outro abraço que eu neguei
não pense que foi fácil, só eu sei;
foi o que a vida me ensinou a fazer
para, aquelas lembranças, não me trazer..;
mas num sonho aceitei o abraço
o que me rendeu um grande embaraço
comigo mesma.
Te disse aquelas palavrinhas convencionais
que qualquer pessoa diria,
porém queria ter recitado algum verso meu que falasse sobre alegria,
mas eu simplesmente.. não podia
e até gostaria
que me entendesse por isso.
Conversei como uma adulta, com "palavreios" e mais filosofias,
mas queria mesmo é correr feito criança boba
querendo qualquer resquício de atenção..
Não te deixei se aproximar muito de mim,
mas foi o pavor, de qualquer decepção.. enfim..
e apesar da sanguínea proximidade,
há também alguma falta de intimidade
que me fez "des(epistolar)" aqui
aquela carta que fiz.. e que só eu li...


Taynara Andrade