sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Do meu exílio



Muitas letras, muitos neurônios,
muitos erros e medos platônicos;
canções pela metade,
textos por fazer
e desafios à capacidade
de quem, nas entrelinhas, sabe ler.
Tudo na mais perfeita ordem
e eu regente desse pequeno universo
que [ao menos por enquanto], deve ser só meu;
o mundo lá fora até já me esqueceu
e eu?.. isso não importa..
Sempre ponderando,
às vezes esperando
e me esquecendo que expectativas quebradas
podem doer mais que facadas;
porque foram elas, aquelas migalhas de atenção
que me deixaram dessa maneira,
pensando que não..
que "era besteira".
Então nunca sei o que todo mundo sabe
e agora esse lugar quase não me cabe,
porque me olhando desse espelho pareço ser outra pessoa
e quando minha voz ecoa,
não.. essa nunca foi a minha;
isso me dá um frio na espinha...
e sempre passa da meia noite
e eu, como sempre, falando sozinha..
aqui.. no meu exímio exílio paralelo.


Taynara Andrade

domingo, 6 de fevereiro de 2011

É lá...



É na ausência que sinto
na presença que minto;
É na falta que eu tenho
no medo que enfrento
no frio que esquento
na falta de você que te invento,
só então percebo a fria que entro..
É no silêncio que te ouço
no escuro que te vejo
e te beijo
e nas horas vagas não te deixo;
É na brutal simetria de minha vida
no obsessivo desconcerto da minha escrita..
é nas palavras que eu calo
e não falo,
é lá.. é lá que está...
e você pode encontrar.
É no livro que eu não leio
no dia que você não veio
no texto que não está escrito.
É no relógio que parou
no fato que não se elucidou..
é nesse sonho que eu vivo,
na vida real, me esquivo,
porque é no final que a gente entende o porquê do começo,
disso, jamais me esqueço.
É nessa busca que te perco
na dúvida que te encontro
e se te encontro me perco,
se te perco me agonizo,
me encontro num beco
e fico..
até você me encontrar..
porque é lá.. é lá que eu vou estar.


Taynara Andrade

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Um absurdo



É um absurdo não poder me expressar
e não querer nunca, amar.
É um absurdo nem poder dizer, afinal
pra alguém que é especial,
mesmo que esse não fosse o objetivo inicial..
Porque quem sente hoje, vai pro hospício
como se fosse resquício..
de loucura
de idiotice
de intemperície
de ilusão,
quero não..
desse jeito
não cabe nada no meu peito
que ao amor diga respeito..
Um absurdo doer só em mim,
mas enfim
um absurdo..
não poder gostar
ou me decepcionar
por não ser o que idealizei,
é covardia eu sei,
mas a princípio nem pensei.. e neguei
e depois até notei
que é ridículo fugir das palavras que levam às pessoas
e das pessoas que levam às palavras
é inaceitável a fuga de si mesmo
e cair num grande ermo..
não..
posso sim
querer algumas imperfeições pra mim
e que sejam elas sem fim..
como se a decepção fosse o fim do mundo
e que o amor, do poço, fosse o fundo
e se pode chegar lá em menos de um segundo.
Eu bem que queria o dom de não me apegar ou me decepcionar
e ser por qualquer instante
totalmente inconstante,
como sempre fora antes..
Mas me perdi outra vez
nessa sua altivez..
e concluí que o amor é tão ridículo quanto nós somos
e nós existimos tanto quanto o amor,
seja a interpretação como for
Eu só queria existir
e não ser ridícula por isso..


Taynara Andrade

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Voltou

O Grito - Edvard Munch 

Voltou..
Quando eu menos esperava,
quando até pensei que melhorava, voltou.
Quando pensei que a poeira tivesse baixado
e que minha ira tivesse se calado, voltou..
Tudo outra vez..
Volta e meia esse mesmo veneno me tenebria,
a raiva novamente me ludibria
e com isso se regozija
me fazendo cair sempre no mesmo lugar,
onde eu nunca mais queria estar.
Aí quero gritar.. gritar..,
mas quem vai vir me buscar?..
quem poderia acha que não pode
e por isso minha cabeça quase se explode
tentando entender
o grande pecado que eu fiz pra merecer..
pagar por tolices que não foram minhas
e ter que conviver com isso.. como se fosse meu
então novamente minha mente fica num breu...
e a culpada?... Ah! deve ter sido eu...
e agora       eu        devo ter maturidade,
quando questionada sobre a verdade,
que eu inclusive nem sei,
e culpada do que eu não errei.
Resolvi. Me calei.
A frieza das pessoas me comove. Profundamente.
e me deixa com a mão quente
escrevendo apelos e mais apelos,
sabendo que quem lê-los,
ou pode entender...
ou fingir não poder.


Taynara Andrade