quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Vida

Imagem de Julia Aummüller

A vida é o que ninguém pode dizer
é o que nada mais pode fazer
é o que não se deve descrever;
A vida pode simplesmente ser
uma canção
pra não
se compreender
e pode não ser
definitivamente
definida em toda mente;
A vida não precisa fazer
o sentido literal, somente
e deixar por esquecer
tudo aquilo que não é mais presente.
Oh gente!
O que fazer com essa vida do presente
que passa tão e tão latente
e chega a assustar a gente?
O jeito é viver,
mas viver só a vida que é da gente.


Taynara Andrade

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Uma fortaleza!

Imagem de Gustav Klimt

Ela se olhava no espelho e dizia com toda convicção e em voz alta:
 -Eu sou uma fortaleza!
Sabia que era e o porquê era, e por isso fazia questão de dizer,
não para os outros, mas para si mesma,
sem arrogância, era só pra ter certeza.
 -Eu sou uma fortaleza!
Isso a fazia pensar em tudo que ganhara da vida até aquele momento
e queria mesmo acreditar, tanto que repetia:
 -Eu sou uma fortaleza!..
E a cada fonema que saía, um soluço chegava em seguida;
com tanta verdade que doía, mas ela, insistente, dizia:
 -Eu sou uma fortaleza.
Nisso, seu coração quase saía pela boca
junto com as palavras, que eram simples e doloridas,
não por elas em si, mas pela carga energética que possuíam.
-Eu sou uma fortaleza..
E as lágrimas salgavam cada letra,
uma por uma, sem pressa nenhuma.
E depois, aos prantos e já sem forças para ficar de pé
ou continuar olhando para o espelho, ela, enfim, descobriu...
 -Eu não sou uma fortaleza...


Taynara Andrade

domingo, 21 de agosto de 2011

Como é que se diz?

Imagem de Edward Munch

E como é que se diz tudo aquilo
que está subentendido
pra ser bem compreendido
e não esquecido..
Aquilo que falar pode doer na alma
e que não dizer seria passar uma vida calada..
Como se diz o que se quer escrever,
escrevendo o muito,
por não saber o pouco que dizer..
Como é que se diz, pra não haver censura,
porque escrever seria a coisa mais pura..
Como é que se diz o que quiser
o que ninguém mais disser,
dizendo sem medo
escrevendo sem seguir qualquer enredo
e ensaiando pra algum dia dizer...
Como é que se diz só pra você saber
sem questionamento
com ideias só no pensamento
e então..
Como é que se diz?
Como é que se escreve?
Por hora,
eu nada posso dizer,
escrevendo me consolo
em algum dia você ler.


Taynara Andrade

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Mórbida sofreguidão


 Blue Nude - Pablo Picasso

..e queria gritar, mas parecia estar com a boca fortemente tampada;
correr era impossível, era como se seus pés estivessem atolados em argamassa;
se debater parecia até inútil, como se nem fosse dona de seus movimentos;
sua mente?.. Ah, esta estava desesperada, com um medo sufocante,
quase que sangrava, esperneava
e seu corpo, imóvel...
Não sabia se movimentar
lutar.. pra quê? o que tem fora daqui? e se for pior?
Mas doía muito, então tinha que fazer alguma coisa;
queria baixar os olhos só pra ver seu estado,
mas eles já estavam baixos e viam nada..,
buscou algumas lembranças
e se lembrava de nada...
a não ser um barulho, que parecia de uma folha sendo virada
e quando o barulho passou ela foi acordando, lentamente
e disposta a enfrentar o que viesse pela frente.


Taynara Andrade

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Espera..

Imagem de Grace Patterson


A espera licha, corta, chuta
às vezes a gente quase não suporta
parece uma sensação de chuva,
de cair e não se levantar..
esperar.. a espera que a esperança é
e quem sabe até
temperada com um pouco de fé..
é "hemorragia de lágrima", é sufoco,
é o que deixa qualquer um louco;
só esperando o final da espera
ai, quem me dera..
poder mudar essa atmosfera
que fica tensa, na expectativa..
com a idéia aflitiva de que a espera
pode nunca se acabar,
restando só essa inútil esperança;      
de só esperar.
    só esperar.
        esperar.
              rar.
              ar.
                 .


Taynara Andrade

sábado, 9 de julho de 2011

Inquietude


                      Imagem de Van Gogh

 E então naquela hora veio uma confusão de coisas na cabeça,
o receio de perder tudo que eu não tenho,
a incerteza de uma convalescença,
a vontade de ir longe.. bem longe..
e voltar nunca mais,
me dissipar no mundo.
Sem saber o que fazer
me deparo com equinócios, venenos,
dias mais, dias menos
e dias mais amenos.
Buscas. Decisões. Lutas. Aflições.
E a confusão não é mais só na cabeça
é na vida toda
e o receio é de não ter ao menos um nadinha como se fosse tudo,
a incerteza é de qualquer certeza
e a vontade é de ir não muito longe, ir bem ali, aonde você está
e nunca, nunca mais te deixar.


Taynara Andrade

terça-feira, 21 de junho de 2011

Do amor e do amar


Tenho aquele amor que não é substantivo,
porque o amor, que é substantivo, é abstrato;
o que eu tenho é aquele que se conjuga,
que é verbo, que age, porque agir faz diferença;
tenho aquele que faz dizer: eu  amo.
E não simplesmente amo,
o meu amar não é intransitivo,
ele precisa do ' te ', porque " eu   te   amo " diz muito mais
e diz tanto que no começo é difícil dizer,
porque dizer é incorporar à vida..
Talvez simplesmente incorporar..
Mas não é simples                 e nem se mente;
porque ele é uma semente
e vai crescendo;
lá de dentro sai muita coisa, deve é se aproveitar.
Conservar.  Cuidar.  Pra ser saudável. Pra ser amor amável.
Pra não deixar nunca de ser amante. Amando daquele monte.
Talvez até seja bonito, mas não.
É só verdade.     A verdade é bonita.
É verdade que     eu te amo!


Taynara Andrade

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Escrevo pra...

Edward Hopper - Automat


Escrevo pra você ler,
pra você me notar e enxergar
escrevo pra você saber como fui e sou,
escrevo transparente,
transparente não pra todo mundo,
mas pra você
escrevo pra não ter que te dizer,
escrevo pra mostrar o como posso fazer
da minha vida palavrinhas e arranjos,
e tentar.. tentar que você saiba de mim,
tentar que você ame.. ao menos minhas palavras
escritas com tanta aflição e efusão,
mas você não..
nem diz que sim nem diz que não;
não lê, não vê..
o relógio é cruel comigo,
porque esse tempo não existe,
agora fiquei triste
e sem saber o que mais escrever.


Taynara Andrade

terça-feira, 7 de junho de 2011

Ser


Imagem de Tulio Dias

Ser aquela flor com todo aquele aroma,
Ser o relógio que funciona
e fazer com que as coisas existam com ou sem axioma.
Ser a caneta que presta,
a calculadora científica,
ser o que não se detesta;
Ser o que não resta dúvida,
o telefone que toca,
o dia marcado no calendário,
ser o cavaleiro lendário;
Ser o bilhete inesperado,
aquele segundo em que só se deve ficar calado;
Ser a testemunha,
o músico que compunha,
ser o definitivo,
o que passa por qualquer crivo.
Ser o detalhe da caixinha,
a gramática correta,
a receita completa..
Ser..
Ser uma história amável,
ser o que sempre quis ser..
indispensável...


Taynara Andrade

sábado, 7 de maio de 2011

O outro lado do mesmo lado

Il Viale del Gardino - Claude Monet


...Ela caminhava sozinha, buscando algo..
sem saber, mas buscava, buscava algo que não conhecia
e não sabia como era e esse era o motivo pelo qual ela buscava,
talvez ela buscasse respostas, perguntas,
respostas incompletas ou perguntas sem respostas;
talvez ela buscasse retóricas, 
medos diferentes dos seus,
noites mais claras que as suas,
mas ela encontrou uma cerca..
uma longa cerca
e ela continuou caminhando
até encontrar um portal,
portal esse que estava trancado, mas era possível ver o outro lado,
que era um jardim, e que lindo jardim era...
ela jamais tinha visto um lugar tão bonito
e como ela queria ir para o outro lado.. como ela queria..
mas com o portal trancafiado daquele jeito ela só podia olhar;
ela se encostou no portal tão desanimada
e começou a chorar baixinho...
Nesse momento, alguém passava por ali, do mesmo lado que ela;
Ele a viu e quis ajudá-la,
ela olhou para o outro lado do portal com um olhar triste e disse:
"isso não é acessível à mim..."
e ele com um arrepio no coração lhe deu a mão e falou com todo carinho:
"mas agora eu estou com você.."
e quando ela olhou à sua volta, o lado do portal em que estavam
pareceu mais bonito que o outro,
então ela respirou aliviada sorrindo pra ele...


Taynara Andrade

domingo, 1 de maio de 2011

"Des(epístola)"

Não foi encontrado o nome do autor da imagem

Não dei muita importância, mas estava achando o máximo você ali do meu lado pela 1ª vez
e até fingi que esqueci todo aquele mal que você "não me fez".
Não falei nada que fosse tão marcante,
mas queria ter dito tudo ali, naquele instante;
nem te olhei direito,
mas sabia cada movimento feito.
Te dei aquele abraço meio frouxo,
mas queria ter te apertado tanto.. que nem sei;
e aquele outro abraço que eu neguei
não pense que foi fácil, só eu sei;
foi o que a vida me ensinou a fazer
para, aquelas lembranças, não me trazer..;
mas num sonho aceitei o abraço
o que me rendeu um grande embaraço
comigo mesma.
Te disse aquelas palavrinhas convencionais
que qualquer pessoa diria,
porém queria ter recitado algum verso meu que falasse sobre alegria,
mas eu simplesmente.. não podia
e até gostaria
que me entendesse por isso.
Conversei como uma adulta, com "palavreios" e mais filosofias,
mas queria mesmo é correr feito criança boba
querendo qualquer resquício de atenção..
Não te deixei se aproximar muito de mim,
mas foi o pavor, de qualquer decepção.. enfim..
e apesar da sanguínea proximidade,
há também alguma falta de intimidade
que me fez "des(epistolar)" aqui
aquela carta que fiz.. e que só eu li...


Taynara Andrade

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A coexistência abstrata de uma verdade absoluta


Estar em um lugar e ter de fingir não estar ali,
com uma existência demarcada
e nem sempre revelada;
existir só para algumas pessoas,
ser expulso de si mesmo
e fingir que essa é a melhor solução,
melhor até que a verdade do "eu existo!"
e existo desde 1992,
não foi antes, nem depois..
E agora.. cumprimentos marcados no relógio,
relógio que só regride;
o pior é pensarem que descasos passam despercebidos
.. eles passam como soluços aos meus ouvidos..
31 dias esperando por um 'oi!'
7 esperando por paciência
e quase 20 anos esperando por algo..
que nunca veio, nem vai vir de fato
independente de qualquer status.
Não. Isso não é uma inspiração..
isso é a transcrição de uma vida
de alguém que não é dúctil,
alguém que, para o desconforto de uns,
não cabe em uma nécessaire,
alguém que por enquanto só ouve e observa,
mas quando disser...


Taynara Andrade

domingo, 27 de março de 2011

O encontro


... e ela escolheu o melhor dia da semana,
aquele que era o seu 'dia da sorte'.
E aguardou por esse dia anciosamente;
a cada um deles a expectativa aumentava
e ela se olhava no espelho o tempo inteiro,
tentando encontrar algum defeitinho que pudesse ser consertado em 3 ou 2 dias.
E ouvia sua música preferida..
lembrava e relembrava..
e imaginava várias coisas para aquele dia que seria especial..
ensaiava pra falar, mas nada parecia bom o bastante..
bom mesmo seria improvisar.
Uma noite antes, nem conseguiu dormir direito; e quando chegou o dia
nem acreditava, pulou da cama mais cedo que sempre;
tomou café e um belo banho que a fez viajar quilômetros
sem sair debaixo do chuveiro;
"desmembrou" seu guarda-roupas inteiro, tentando encontrar a melhor peça..
levou quase a manhã toda só pra isso, mas enfim,
encontrou o vestido perfeito.. ainda nem havia usado.
Estava decidida a estreá-lo.
Arrumou o cabelo assim meio de lado.. para que os brincos aparecessem.
E para nem passar perto de se atrasar, saiu.. cheia de vida e cheirando à sândalo.
Chegou ao local, que era o seu preferido da cidade, se sentou e pediu uma água tônica
para esperar passar os minutos até chegar a hora marcada..
E essa hora demorou, mas chegou
e quando chegou ela quase não se continha de ansiedade,
afinal ele chegaria a qualquer momento...
e se passaram 15 minutos, 20,
1 hora, 2 horas...
E ele não ligou
e ele não chegou..
e ela foi embora..
pensando no encontro
que não aconteceu.


Taynara Andrade

sábado, 19 de março de 2011

Por quê?


E por que o que é feio não pode ser bonito
e alguém legal não pode ser meio esquisito?
E por que o que é "certo" permanece nesse estado
e o que é dito como errado obrigado a permanecer calado?
E por que se ouve música só com a audição
se ela pode ter sido feita com o coração?
E por que um paradigma não pode ser quebrado
e as coisas saírem um pouco do esquadro?
E por que a vida não pode seguir naturalmente
sem ser premeditada em alguma mente?
E por que taxar as coisas só com o "achar" que elas são
sem levar em conta qualquer abstração?
E por que o escuro não pode ser receptivo como a claridade?
Quem ditou isso como verdade, só podia ser covarde.
E quem tem uma verdade absoluta na mão,
por que essa não pode ser uma decepção
sem ter de causar qualquer decepação
em mente ou coração?
Por quê?


Taynara Andrade

sexta-feira, 18 de março de 2011

Amanhecer

Vila num dia de sol - Adriano Ferro

Tudo revigorado..
Se ontem estava ruim, agora está em outro estado
Aquela angústia ficou no pesadelo,
Talvez à tardinha, eu vá até esquecê-lo;
O cansaço exorbitante
Acaba aqui nessa manhã gritante
Com esse sol olhando pra mim
Me induzindo a dizer um grande sim;
Meus ossos, agora fortificados
Nem conseguem ficar parados,
Minha mente já limpa e ansiosa
Pra receber o que tiver de coisa mais gostosa

Vem manhã.
     Vem tarde..
          Vem noite...

O dia não dura muito tempo,
Logo mais à noitinha eu não me aguento,
A angústia volta do pesadelo
E me faz outro apelo..
E os meus ossos, agora cansados, querem adormecer
E a cabeça se esquecer
Pra chegar logo o outro amanhecer
E a cada um desses, amadurecer.


Taynara Andrade

terça-feira, 8 de março de 2011

Nessa noite

Marc Chagall - "Le violiniste bleu"
Nessa noite não tem música,
não tem cor,
não tem lua,
nem mesmo qualquer odor.
Nessa noite não há nada para descrever,
não há sabor não há alegria
nem algum vestígio de agonia;
nada que signifique algo além de nada;
não tem palavras apropriadas
ou rimas mais caladas,
talvez elas nem existam,
mas me contento em representar,
apenas representar com fiapos cândidos
de singelos desabafos gritantes
e pontuações de coração palpitante.
Essa noite.. que já foi tanta
e agora é demasiadamente pouca,
com esse silêncio de me deixar rouca.
Nessa noite eu não sei se eu existo
e já nem mais me cogito;
essa noite não tem nada a me dizer
não tem frio nem calor,
nem leveza nem ardor,
nem beleza nem pudor.
Nessa noite abarrotada de vazio
não sei o que pensar e o que escrever,
não sei quando vou dormir ou como vou amanhecer
e ninguém sabe o que pode acontecer,
por isso é melhor eu me abster
de todo esse oculto querer,
porque nessa noite.. você não está aqui.


Taynara Andrade

segunda-feira, 7 de março de 2011

Nós?


Ultimamente ando me reparando
e ando pensando..
pensando de mais em você;
não pode ser,
a gente nem se fala e nem se vê,
mas não consigo te esquecer
e tenho vontade de te ouvir e te ver,
te sentir e te descrever em escrever.
Tenho sonhos com você
e me lembro de você em tudo que vou ler, ver..
e imagino um amanhã tão distante que pode nem ocorrer
e te tenho tão guardado, tão aqui dentro, tão fundo
que deve ser a coisa mais segura do mundo.
E me inspira a cada gesto feito,
a cada penteado desfeito,
me deixando sem jeito
com esse seu jeito imperfeito
e me irrita você lá e eu aqui;
sem nunca ter
eu perdi
e sem me envolver eu sofri,
sem você saber eu senti;
agora já vi
sou fato esquecido
você é caso perdido
e nós algo nunca ocorrido.


Taynara Andrade

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Do meu exílio



Muitas letras, muitos neurônios,
muitos erros e medos platônicos;
canções pela metade,
textos por fazer
e desafios à capacidade
de quem, nas entrelinhas, sabe ler.
Tudo na mais perfeita ordem
e eu regente desse pequeno universo
que [ao menos por enquanto], deve ser só meu;
o mundo lá fora até já me esqueceu
e eu?.. isso não importa..
Sempre ponderando,
às vezes esperando
e me esquecendo que expectativas quebradas
podem doer mais que facadas;
porque foram elas, aquelas migalhas de atenção
que me deixaram dessa maneira,
pensando que não..
que "era besteira".
Então nunca sei o que todo mundo sabe
e agora esse lugar quase não me cabe,
porque me olhando desse espelho pareço ser outra pessoa
e quando minha voz ecoa,
não.. essa nunca foi a minha;
isso me dá um frio na espinha...
e sempre passa da meia noite
e eu, como sempre, falando sozinha..
aqui.. no meu exímio exílio paralelo.


Taynara Andrade

domingo, 6 de fevereiro de 2011

É lá...



É na ausência que sinto
na presença que minto;
É na falta que eu tenho
no medo que enfrento
no frio que esquento
na falta de você que te invento,
só então percebo a fria que entro..
É no silêncio que te ouço
no escuro que te vejo
e te beijo
e nas horas vagas não te deixo;
É na brutal simetria de minha vida
no obsessivo desconcerto da minha escrita..
é nas palavras que eu calo
e não falo,
é lá.. é lá que está...
e você pode encontrar.
É no livro que eu não leio
no dia que você não veio
no texto que não está escrito.
É no relógio que parou
no fato que não se elucidou..
é nesse sonho que eu vivo,
na vida real, me esquivo,
porque é no final que a gente entende o porquê do começo,
disso, jamais me esqueço.
É nessa busca que te perco
na dúvida que te encontro
e se te encontro me perco,
se te perco me agonizo,
me encontro num beco
e fico..
até você me encontrar..
porque é lá.. é lá que eu vou estar.


Taynara Andrade

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Um absurdo



É um absurdo não poder me expressar
e não querer nunca, amar.
É um absurdo nem poder dizer, afinal
pra alguém que é especial,
mesmo que esse não fosse o objetivo inicial..
Porque quem sente hoje, vai pro hospício
como se fosse resquício..
de loucura
de idiotice
de intemperície
de ilusão,
quero não..
desse jeito
não cabe nada no meu peito
que ao amor diga respeito..
Um absurdo doer só em mim,
mas enfim
um absurdo..
não poder gostar
ou me decepcionar
por não ser o que idealizei,
é covardia eu sei,
mas a princípio nem pensei.. e neguei
e depois até notei
que é ridículo fugir das palavras que levam às pessoas
e das pessoas que levam às palavras
é inaceitável a fuga de si mesmo
e cair num grande ermo..
não..
posso sim
querer algumas imperfeições pra mim
e que sejam elas sem fim..
como se a decepção fosse o fim do mundo
e que o amor, do poço, fosse o fundo
e se pode chegar lá em menos de um segundo.
Eu bem que queria o dom de não me apegar ou me decepcionar
e ser por qualquer instante
totalmente inconstante,
como sempre fora antes..
Mas me perdi outra vez
nessa sua altivez..
e concluí que o amor é tão ridículo quanto nós somos
e nós existimos tanto quanto o amor,
seja a interpretação como for
Eu só queria existir
e não ser ridícula por isso..


Taynara Andrade

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Voltou

O Grito - Edvard Munch 

Voltou..
Quando eu menos esperava,
quando até pensei que melhorava, voltou.
Quando pensei que a poeira tivesse baixado
e que minha ira tivesse se calado, voltou..
Tudo outra vez..
Volta e meia esse mesmo veneno me tenebria,
a raiva novamente me ludibria
e com isso se regozija
me fazendo cair sempre no mesmo lugar,
onde eu nunca mais queria estar.
Aí quero gritar.. gritar..,
mas quem vai vir me buscar?..
quem poderia acha que não pode
e por isso minha cabeça quase se explode
tentando entender
o grande pecado que eu fiz pra merecer..
pagar por tolices que não foram minhas
e ter que conviver com isso.. como se fosse meu
então novamente minha mente fica num breu...
e a culpada?... Ah! deve ter sido eu...
e agora       eu        devo ter maturidade,
quando questionada sobre a verdade,
que eu inclusive nem sei,
e culpada do que eu não errei.
Resolvi. Me calei.
A frieza das pessoas me comove. Profundamente.
e me deixa com a mão quente
escrevendo apelos e mais apelos,
sabendo que quem lê-los,
ou pode entender...
ou fingir não poder.


Taynara Andrade

domingo, 16 de janeiro de 2011

Como eu queria..


Como eu queria..
te tranquilizar, dizer pra não se preocupar
e te falar,
que tudo valeu a pena sim
e que te queria perto de mim.
Como eu queria..
te mostrar que cresci
e mostrar o como eu vivi,
só pra compartilhar
e não ficar tão pesado de carregar
e no final de tudo, ainda te orgulhar.
Como eu queria..
que soubesse
o quanto a sua ausência me estarrece
e até me enfraquece.
Como eu queria..
te dizer que com esse texto, de você, eu me lembro
e dizer que dói tanto, que me desmembro;
cada palavra que, aqui, adentra,
cada uma delas me arrebenta
como se esse texto fosse um camicase..
então eu junto trapos de frases,
pra escrever..
já que eu queria, queria muito, dizer...
como eu queria,
mas até hoje, não aprendi...


Taynara Andrade