terça-feira, 8 de março de 2011

Nessa noite

Marc Chagall - "Le violiniste bleu"
Nessa noite não tem música,
não tem cor,
não tem lua,
nem mesmo qualquer odor.
Nessa noite não há nada para descrever,
não há sabor não há alegria
nem algum vestígio de agonia;
nada que signifique algo além de nada;
não tem palavras apropriadas
ou rimas mais caladas,
talvez elas nem existam,
mas me contento em representar,
apenas representar com fiapos cândidos
de singelos desabafos gritantes
e pontuações de coração palpitante.
Essa noite.. que já foi tanta
e agora é demasiadamente pouca,
com esse silêncio de me deixar rouca.
Nessa noite eu não sei se eu existo
e já nem mais me cogito;
essa noite não tem nada a me dizer
não tem frio nem calor,
nem leveza nem ardor,
nem beleza nem pudor.
Nessa noite abarrotada de vazio
não sei o que pensar e o que escrever,
não sei quando vou dormir ou como vou amanhecer
e ninguém sabe o que pode acontecer,
por isso é melhor eu me abster
de todo esse oculto querer,
porque nessa noite.. você não está aqui.


Taynara Andrade

4 comentários:

  1. Ah... que triste sentir... mas o amor, se está dentro de ti, ele deve sair... e florir outros corações.

    Um beijo imenso!

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  2. Nessa noite de nadas, a poesia se faz tudo...

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  3. Tua poesia não tem nada de amadora. Muito bela!

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  4. Belos poemas consigo ler aqui, parabéns!
    Parece que até te entendo. Será?

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